Ricardo Parreira em "Que Fado é Este Que Trago?" (2008, farol)
Quando comprei este álbum de Hélder Moutinho, nem sabia que era Ricardo Parreira a acompanhar à guitarra portuguesa! Desde 2001 que conheço Hélder Moutinho e que tenho todos os álbuns dele, e igualmente dos irmãos, mas confesso que gostei mesmo do acompanhamento deste novo álbum "Que Fado é Este Que Trago?"
Neste novo álbum "Que Fado é Este Que Trago?" encontam-se alguns fados mais "clássicos" e outros mais originais. Já conhecia o fado A Saudade (aut.: Linhares Barbosa) cantado por Carlos Ramos num Fado Menor e a versão de Hélder Moutinho da mesma letra no fado do Fontes Rocha deu um carácter mais lúdico ao tema da saudade enquanto que Carlos Ramos deu um carácter mais dramático. O acompanhamento musical também ajuda a transmitir um sentimento "alegre" ou"triste" consuente a tonalidade (maior ou menor), o andamento, o acompanhamento.
O fado que mais gostei de ouvir neste álbum é Vielas de Alfama. Hélder Moutinho já o tinha gravado em 1999 no seu disco de estreia "Sete Fados e alguns cantos" com Arménio de Melo à guitarra portuguesa. Neste novo álbum "Que Fado é Este Que Trago?" o guitarrista Ricardo Parreira dá uma nova musicalidade à este fado. Vielas de Alfama de autoria de Artur Ribeiro e música de Max foi criado em meados dos anos 1950. Além de Max também Carlos Ramos gravou este fado, e além de muitos outros artistas, mais tarde Nuno da Câmara Pereira, e Mariza gravaram Vielas de Alfama. Logo na introdução deste fado Ricardo Parreira usa uma outra linha melódica, que aparentemente pouco tem a ver com a melodia do refrão. De mesmo, a parte solística foge à melodia do refrão e ambos (introdução e solo) me fazem lembrar frases melódicas do guitarrista Mário Pacheco.
No livrete deste álbum, tenho de observar uma troca que ocorreu na autoria do fado Vielas de Alfama, e penso que vale a pena corrigir, e aqui vou me repetir, a letra de Vielas de Alfama é de Artur Ribeiro e a música é do Max, e é um fado que deu entrada à Sociedade Portuguesa de Autores em 1954.
A Cor do Olhos e Tenho uma Onda no Mar são 2 "fados" mais afastados da expressão musical fado, no entanto acompanhamento e interpretação não são exagerados no sentido que não se trata de nenhum pop, o conjunto é bastante discreto.
Só me resta a dar os parabéns ao guitarrista Ricardo Parreira, que, com os seus 21 anos, está a revelar-se um guitarrista de qualidade.