quinta-feira, janeiro 11, 2007

Miguel Ramos (1976)

Miguel Ramos (1976)

Quem me falou deste Miguel Ramos foi Daniel Gouveia há bem uns 15 dias.
Não se trata do mesmo Miguel Ramos que já foi publicado neste blog. Nem é de mesma família.
Encontrei-o há dois dias no restaurante O Faia (Bairro Alto, Lisboa) - http:www.ofaia.com - . Como não o conhecia, entrevistei-o. Explicou-me que o seu avô, Artur Ramos, estava ligado ao fado, e foram os seus padrinhos quem escolheram o seu nome.
Miguel Ramos tem 30 anos, começou a sua actividade artística enquanto fadista aos 14 anos no restaurante Forcado (Bairro Alto, Lisboa). Em 1996 ganha a Grande Noite de Fados (Recreios), e também outros prémios - no mesmo ano - em vários concursos como em Alunos de Apolo (Taça de Portugal), em Setúbal, na Feira Popular.
Há 9 anos decidiu dedicar-se à viola de fado - como o outro Miguel Ramos violista e autor do famoso Fado Alberto - e participou, entre outros projectos, no musical Amália juntamente com José António Carvalhinho (o filho do guitarrista Francisco Carvalhinho - ver postagem Filhos de guitarristas). Igualmente, tem a oportunidade de substituir quando necessário o viola dos músicos de Camané, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro, Ana Sofia Varela, entre outros.
Hoje em dia, toca regularmente no restaurante O Faia (onde foi feita a entrevista) acompanhando entre outros fadistas António Rocha, Anita Guerreiro, Lenita Gentil, o guitarrista Fernando Silva, e o viola-baixo José Vilela.
Entre vários estabalecimentos de fado de Lisboa, actuou com regularidade no Sr. Vinho, no Café Luso, no Faia (os três no Bairro Alto, Lisboa), e ocasionalmente no Clube de Fado (Alfama, Lisboa). Das suas referências de base constam: Fernando Maurício, António Rocha, Manuel de Almeida, Carlos do Carmo (http://carlosdocarmo.com), Amália Rodrigues (http://www.amalia.com), Lenita Gentil, Fernanda Maria, Beatriz da Conceição, Maria da Nazaré (http://mariadanazare.home.sapo.pt), Argentina Santos (ver: http://hmmusica.com), Martinho d'Assunção, José António Carvalhinho, Carlos Manuel Proença.
É também de referir que Miguel Ramos tem um irmão (mais novo) também violista e cantador: André Ramos.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

José Luís Nobre Costa

José Luís Nobre Costa (1948)

Para quem não conhece, toca guitarra portuguesa, e trabalha muitas vezes com o seu colega - também à guitarra portuguesa - António Parreira, e também com o violista Francisco Gonçalves. Dedica-se sobretudo a acompanhar fadistas como António Pinto Basto, João Braga, Rodrigo, Maria João Quadros, Frei Hermano da Câmara, Xico Fadista, e muitos outros. Juntos, estes músicos gravaram númerosos discos. Nem José Luís sabe ao certo quantos são!!

Conheci José Luís Nobre Costa no Museu do Fado [ver postagem Filhos de Guitarristas: António Parreira], e foi o meu primeiro professor de guitarra portuguesa. Foi em 2001, e nessa altura eu falava mal português, e mal sabia o que era Fado. No entanto, o facto de aprender a tocar Fado à guitarra portuguesa ajudou-me a entender melhor o que é Fado. É óbvio que não significa que, hoje, eu saiba tudo acerca do Fado, ainda estou a descobrir.
José Luís Nobre Costa ensinou-me a tocar alguns fados, e quando soube tocar mais ou menos bem alguns acordes de base, fui acompanhá-lo (eu como guitarrista aprendiz, porque na verdade estava a tentar acompanhar) no restaurante do Hipódromo do Campo Grande (já não me recordo do nome do restaurante) às quintas-feiras. Não foi fácil, sobretudo para alguém que não conhece (ou muito pouco) o Fado. O que não foi fácil: memorizar todos os fados que estavam a ser interpretados, eu, ao fim de algumas semanas achava que todos os fados eram "iguais"!!! por não conhecer a estrutura harmónica de cada um...
Aprecio a forma como José Luís Nobre Costa toca, tem uma interpretação delicada e musical. E por vezes, lá no hipódromo, quando não sabia mesmo como acompanhar então eu parava de tocar e punha-me a escutar José Luís a tocar, tentando tirar desta escuta alguma influência.
Aprender a tocar acompanhando este primeiro prof de guitarra foi uma excelente experiência (de muito poucos meses) e tenho pena que a vida me tenha dado um desvio - entre 2002 e 2006 - ao rumo do meu destino e que me tenha afastado um tempo do Fado.
José Luís Nobre Costa teve um aluno (colega meu do Museu do Fado) Dinis (não me recordo de seu apelido) quem acompanha em grande parte a fadista Maria João Quadros.

José Luís Nobre Costa aprendeu a tocar guitarra portuguesa em 1963 com Raúl Silva e Alfredo Rodrigues (o Recas), e profissionalmente, actua em várias casas de fado iniciando a sua actividade no restaurante O Faia (Bairro Alto, Lisboa), em 1969, acompanhando entre outros artistas Lucília do Carmo e o seu filho Carlos do Carmo e tocando ao lado de Fernando de Freitas. Igualmente - na sua estreia televisiva - acompanha Alfredo Marceneiro num programa televisivo, no mesmo ano. Pouco antes (1967?, 1968?) já tinha gravado o seu primeiro disco. Ainda, nesta década, participou num conjunto Os Feiticeiros (com guitarristas, violistas e cantores de fado) actuando n'O Pote e n'A Alga. Durante a década de 1970, prossegue a sua actividade na Taverna do Embuçado (recentemente em obras) aperfeiçoando-se ao lado do guitarrista José Fontes Rocha, e mais tarde actua com regularidade no Forte D. Rodrigo e no bar Arreda; e pelo convinte do violista Raúl Silva toca no Casino Estoril de 1971 até 1994. Ainda na década de 1970 actua em programas da Emissora Nacional. As suas referências guitarrísticas constam, além dos guitarristas citados, Jaime Santos, e José Nunes.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Filhos de guitarristas

Filhos de guitarristas

No mundo do Fado, encontra-se com alguma frequência filhos (e/ou netos) a acompanhar os seus pais às guitarras.
Podemos pensar em alguns guitarristas como: António Pacheco, José Fontes Rocha, Miguel Ramos, António Parreira, Francisco Carvalhinho, e os seus respectivos filhos (e netos) Mário Pacheco, Ricardo Rocha (neto), Luís Ramos (outra vertente), Paulo Parreira e Ricardo Parreira (ambos filhos de António Parreira), José António Carvalhinho.

António Pacheco acompanhou, em grande parte, a cantadeira Hermínia Silva (utilizo a palavra cantadeira, porque Hermínia Silva não só cantou fado como canções e Teatro de Revista, e não a considero por si só fadista) onde ensaiavam na avenida Duque de Loulé... "Anda Pacheco" como ela dizia ao seu guitarrista.
Esta informação vem da minha mãe quando na altura (ainda jovem) trabalhava para um engenheiro (não me recordo o nome) na sua casa nesta mesma avenida. A minha mãe recorda-se perfeitamente de cruzar a cantadeira e seus músicos e de ouví-los a tocar e a Hermínia Silva cantar. Pois a Hermína era vizinha desse engenheiro. A minha mãe lembra-se que a cantadeira era bastante exigente e ralhava com os músicos até obter a interpretação ideal.
Mário Pacheco - o filho de António Pacheco - acompanhou o seu pai à viola. Estudou música e guitarra clássica (viola) na *Academia de Amadores de Música. Profissionalmente foi violista de fado entre 1969 até meados da década de 1980 altura em que decide dedicar-se à guitarra portuguesa, entre outras razões, para responder às suas necessidades de compositor. Toca numa guitarra de Coimbra com cordas de aço mais espessas de que se utiliza de costume.
Acompanha grandes vozes do fado da actualidade e também alguns mais "antigos"e é autor de música de vários fados dos quais mais conhecidos: Cavaleiro Monge (cantado por Mariza), Diz se me conheces (cantado por Paulo Bragança), Porque voltas de que lei (cantado por Ana Sofia Varela). É proprietário desde 1995 de um restaurante de fado, o conhecido Clube de Fado (Alfama, Lisboa) onde costuma tocar.
Ver: http://www.clube-de-fado.com/

José Fontes Rocha: a primeira vez que o ouvi foi num disco de 33 rt, um concerto com Amália Rodrigues no Japão e com Carlos Gonçalves e Joel Pina. Ouvi este disco em França em 1999 (quando ainda vivia na Normandia). Foi uma altura em que eu estava farta de ouvir a música que costumava ouvir e então procurei algo de diferente nos discos antigos que os meus pais ainda têm. Não conhecia nem o Fado nem Amália. Sabia do nome dela mas não como cantava. Foi uma descoberta.... da cantora mas sobretudo da guitarra portuguesa. Achei o instrumento para mim uma inovação e desde então despertei a minha curiosidade para com a guitarra portuguesa. Entretanto comprei uma guitarra.... amadora e iniciei uma breve aprendizagem no Museu do Fado em 2001.
Ricardo Rocha é neto de José Fontes Rocha. Conheci-o numa entrevista que fiz em 2006 para o Instituto de Etnomusicologia (Universidade Nova de Lisboa) para uma enciclopédia. Apredeu a tocar guitarra portuguesa com o seu avô é claro, mas também com Carlos Gonçalves e Manuel Martins. Não sabia dele tão inovador, sem hesitar a misturar erudito e fado, a inserir o erudito no fado. A sua colaboração com Maria Ana Bobone bem como João Paulo Esteves da Silva é excelente. O seu CD em solista Voluptuária (2003) descreve perfeitamente a arte deste jovem guitarrista.

Miguel Ramos (1904-1982): convido-vos a ler o post respectivo.
O seu Filho Luís Ramos, que tem agora a loja de instrumentos musicais na Parede - ver o respectivo post-, é músico, toca guitarra clássica (viola), mas ao contrário de que acontece com a maior parte dos filhos de guitarristas, ele não seguiu o caminho do fado. Prefiriu o rock! Não entanto, sabe descrever como tocava o seu pai e também tem conhecimentos dos fados. Na realidade não sei muito da sua profissão, porque quando fui ter à sua loja para falar com ele foi para conhecer melhor a carreira do seu pai! O que sei é que Luís Ramos domina bem os intrumentos de cordas, com particular destaque para a guitarra eléctrica.

Conheci António Parreira no Museu do Fado em 2001 (na altura o museu chamava-se Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa). Foi em 2001 que comecei a aprender a tocar guitarra portuguesa no Museu do Fado (entretanto deixei). Iniciei a aprendizagem com José Luís Nobre Costa, mas saiu do Museu passado uns meses, e continuei a parendizagem com António Parreira. Foi desta forma que o conheci. Apesar de não ser virtuoso, tem um excelente método de ensino. Pelo facto de ter sido violista (primeiro) acompanhando António Chainho até 1965 e de ter tido uma formação em música, tem ferramentas suficientes para explicar no melhor os fados à guitarra portuguesa. Alem disso, adapta o ensino às capacidades dos alunos.
Também conheci Paulo Parreira no Museu do Fado, tendo algumas aulas com ele. Iniciou a sua aprendizagem da música não pela guitarra portuguesa mas pelo piano e teoria musical na Liga dos Amigos de Queluz e também no Conservatório Nacional. É só por volta dos seus 18 anos que decide dedicar-se à guitarra portuguessa, talvez por influência de seu pai. Em 1999 Paulo Parreira fundou o conjunto Trinadus constituído inicialmente por: guitarra portuguesa (Paulo Parreira), viola de fado (João Veiga), violino (Maria Castro-Balbi) e violoncelo (Anne Hermant), tendo um repertório de fado e das guitarradas ao estilo de Lisboa e de Coimbra. Este conjunto gravou um novo (maio 2006) trabalho discográfico com Zé Renato.
Ver: http://artemusical.festim.net/archives/2006_05.html
http://www.consciencia.net/2005/mes/03/brunoribeiro-zerenato.html
Ricardo Parreira. Filho mais novo de António Parreira. Não o conheço pessoalmente, só o cruzei de vez em quando. Só sei dele que será um grande virtuoso. Mais informações no endereço do site que segue:
Ver: http://www.hmmusica.com/artistas.htm#ricparrf

Francisco Carvalhinho. Adoro ouvir os seus acompanhamentos, sobretudo quando acompanhava Alfredo Marceneiro e Carlos Ramos. Tendo uma performance ao mesmo tempo quase silenciosa (ver CD The Fabulous Marceneiro EMI-VC 1961-1997), desenvolvia contracantos e complementos aos versos do fado pela ornamentação, tinha uma sonoridade límpida, e o que se distinguia de outros guitarristas era a sua interpretação
considerada perfeita do tremolo (repetição rápida e continua da mesma nota). Tinha uma oficina em sua casa onde se dedicou à reparação de instrumentos de corda.
José António Carvalhinho aprendeu a tocar viola enquanto jovem, e acompanhou o seu pai, chegou a tocar em concertos com o seu pai no Canadá. Toca em casas de fado. Acompanha em particular Alexandra (já lá vão c. 17 anos), e hoje no restaurante da fadista
Marquês da Sé que fica perto do Clube de Fado. Do elenco, podemos ouvir cantar (além da Alexandra) o jovem "tradicional" Ricardo Ribeiro. Entre outros projectos, fez arranjos e participou no musical Amália enquanto violista acompanhador e na direcção artística. A referir também que José António Carvalhinho tem uma escola de música:
Instituto Particular de Guitarra e Voz - Escola de Música - (Olivais sul, Lisboa) Tel: 218510055.